Post Original de
Kyztic
Boa noite,
Eu acho que a Microsoft está precisamente a fazer o que dizes (dar um passo atrás para dar dois em frente). A compra da Nokia foi uma compra que tinha de ser feita. A Microsoft não produzia terminais, a Nokia sim. E ali ou a Nokia fechava portas por causa dos prejuízos que andava a ter, ou começava a fabricar terminais Android... ou a Microsoft a comprava. Tinha de ser. A única empresa a lançar terminais Windows era a Nokia e se a deixassem fechar portas ou passar a lançar Android, ia ao ar a única fabricante de terminais Windows e a situação aí ainda seria pior. Então a Microsoft (porque tem bolsos muito fundos) comprou a parte de fabricação da Nokia e passou a lançar os terminais por si própria (se não mais ninguém o fazia). Mas apenas porque tem bolsos fundos o suficiente para poder perder todo aquele dinheiro e continuar bem de saúde, porque se não, era o adeus definitivo ao mobile.
Neste momento creio que o que se passa é que a Microsoft depois de arcar com os custos da compra da divisão de fabricação da Nokia, teve de se ver livre de grande parte dos trabalhadores (pagando rescisões a torto e a direito), vender fábricas, organizar estruturas, acabar de lançar os terminais que já estavam planeados serem lançados e depois sim, ir acabando com a linha Lumia aos poucos, sendo que na geração x50 (550,650,950,950XL) já só lançou quatro dispositivos, foi controlando a produção de cada um, certificando-se que só produziam mais quando se esgotavam nas lojas, tudo muito controladinho. Isto não é uma retirada definitiva do mercado, é sim um reescalonamento do negócio. Também para dar espaço aos OEM para lançarem dispositivos, visto que a Nokia inundava o mercado com carradas de dispositivos low-end.
Por acaso a Microsoft é uma empresa que é muito boa com números (pudera, com acionistas como o Goldman Sachs entre outros do género) e não é a primeira vez que tem de virar um negócio que dá prejuízos para um que dá lucros. Já aconteceu com o Bing, a Xbox e o Surface. Tiveram prejuízos anos e anos a fio, mais de 5 anos em cada divisão (Xbox e Bing) e quem não se lembra da bronca de 900M de dólares de prejuízo na primeira geração Surface (que já dá 4B de dólares por ano), mas finalmente já dão lucros (o Bing ainda no ultimo relatório fazia qualquer coisa como 5.5B de dólares). A divisão mobile será igual. Poderá levar anos e anos, mas eventualmente, creio que lá chegarão.
O mercado mobile começa também a ficar saturado, as vendas a estagnar. Neste momento a Microsoft quer atacar o mercado empresarial (o que a Blackberry perdeu). Faz todo o sentido, a Microsoft é essencialmente uma empresa virada para o setor corporativo e empresarial, que é onde fazem o verdadeiro dinheiro a sério. Vão atacar esse negócio ao tentar que quem já usa Windows para trabalhar no PC passe a usar no telemóvel também, tem lógica. Se fizerem as coisas bem feitas (com boa integração de serviços entre PC e móvel) podem conseguir o que querem. Depois atacar o consumidor comum será o passo lógico seguinte. Mas cada coisa de cada vez. Para já, resta esperar para ver o que aí vem o ano que vem, para já eles estão a encerrar as linhas de produção dos atuais modelos e a esperar que esgotem nas lojas para matar a marca Lumia de vez. Depois no ano que vem, quando não houver nada de nada Lumia em lojas, devem aparecer com o Surface Phone.
Mas isto é só para quem se pode dar ao luxo de aguentar a pancada de prejuízos anos a fio. A Blackberry e a grande maioria dos OEM (fora a Samsung) nunca na vida o poderiam fazer.
Cumprimentos.
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